Miniconto
O Viajante e o Homem Velho
Um homem viajava sozinho por uma longa estrada, estava com sede e com fome. Seu rosto estava queimado pelo sol escaldante do deserto, sentia o peso da carga que carregava em suas costas.
Andando bem devagar, ele respirava com certa dificuldade devido a poeira que se levantava com o forte vento que soprava do sul.
Mas ao mesmo tempo estava com uma esperança que o animava. Sabia que iria chegar a seu destino, pois tinha fé e com essa fé ele seguia avante numa longa caminhada.
Mas eis que uma figura distante se aproximava, o homem começou a ficar preocupado e aflito.
Naquele lugar deserto, ele se perguntava quem seria aquela figura enigmática que se aproximava.
Quando conseguiu vislumbrar direito, percebeu que era um homem com vestes rotas, cabelos brancos e que se apoiava em um cajado.
Devia ter uns oitenta anos, sua pele escura e enrugada, seus olhos azuis ilhados num branco intenso. Um homem alto, com olhar sóbrio, fitou-lhe os olhos e parou.
- Para onde viajas? Perguntou-lhe o velho homem.
- Tenho que ir a um certo lugar entregar uma mensagem.
- Não tenhas pressa, venha comigo até minha casa.
- Mas como podes ter uma casa neste deserto, não vejo nenhuma casa por aqui. Respondeu o homem intrigado e desconfiado.
O velho homem pediu para que o viajante o seguisse, o que ele fez sem pensar muito.
O viajante e o velho homem prosseguiram até uma pequena colina e depois que ultrapassaram um pequeno caminho chegaram até uma clareira onde havia uma cabana.
- Aqui é minha casa, vamos entre e tome um pouco de água.
O viajante começou a beber água com tanta vontade que até derramou um pouco em sua vestimenta. O velho homem sentou-se numa pedra e começou a cantar uma canção.
-Conheço esta música, quando era pequeno, meu pai cantava para eu dormir. Dispara o viajante emocionado.
Aquele velho homem abriu uma bolsa e retirou de lá uma pequena adaga, o viajante arregalou os olhos e sentiu um certo medo.
-Não fique com medo jovem, esta adaga está comigo há muito tempo, desde que por aqui passou um jovem parecido com você.
Eu também era jovem e vi que ele estava cansado e sedento, quis ajudá-lo, lhe dei água e o convidei para passar a noite em minha cabana.
Mas quando anoiteceu, percebi que ele se levantou e em suas mãos havia o brilho de um metal, tentei-me proteger, mas ele me desferiu um golpe em direção a meu peito, coloquei a mão na frente e senti o golpe. Depois ele saiu correndo para o deserto sem olhar para trás.
Fiquei ali sentindo uma dor terrível, mas consegui procurar um remédio para minha ferida, mas a dor maior foi o fato de ter confiado em um estranho e ter-lhe dado abrigo e ser compassivo. Mas não me arrependo de lhe ter recebido em meu humilde lar, pois isso faz parte de minha natureza.
Faço questão de ajudar as pessoas mesmo que não as conheça. Fique com essa adaga, esse é meu presente.
O velho homem e o viajante ficaram conversando durante a noite toda, o céu estava estrelado e o frio tomava conta do deserto. Depois de um certo tempo o silêncio tomou conta daquele lugar.
Por Marcelo Silva
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